Autenticidade acima da imitação Tribeca Festival Programador Filme Português

Autenticidade acima da imitação Tribeca Festival Programador Filme Português

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O programador do Tribeca Festival Lisboa, Fabio Martins, vê a originalidade e a verdade emocional indo mais longe para ajudar os cineastas portugueses a alcançar o público internacional do que imitando as tendências populares do cinema global.

“Hoje, o público em todo o mundo é atraído pela autenticidade, por vozes que não se conformam, por estéticas que parecem honestas. O cinema português tem isso no seu ADN”, diz Martins, chefe de conteúdo e programação portuguesa do Tribeca Festival Lisboa. O repórter de Hollywood antes da edição local de 2025 do Tribeca, que começa no dia 29 de outubro e continua até 1 de novembro em Lisboa.

Martins lidera uma equipa de programação portuguesa que faz curadoria de conteúdo para o Tribeca Festival Lisboa em filmes, TV, podcasts, palestras e outras plataformas. Defende que o festival de Lisboa está bem posicionado para construir pontes entre artistas e público.

“Não estamos a tentar importar validação, mas sim a criar uma conversa que diga que o cinema português não precisa de tradução para ter importância. Lisboa está a tornar-se um centro criativo onde o local e o global se encontram, e o cinema, como sempre, está a liderar esse diálogo”, insiste.

Portuguese titles at Tribeca Festival Lisboa include Corresponder, do diretor Duarte Neves e sobre um ator em declínio que busca refúgio emocional no Tinder. “É um filme sobre conexão em uma era de isolamento, sobre como a tecnologia medeia nossas emoções e identidades. Há algo incrivelmente humano na forma como retrata a desconexão”, diz Martins.

Also booked into Tribeca Festival Lisboa is Antonio Ferreira’s A Memoria do Cheiro das Coisas (O cheiro das coisas lembradas), sobre um veterano da guerra colonial que enfrenta os fantasmas de seu passado quando é cuidado por um cuidador negro em um lar de idosos.

“O filme tem a precisão emocional de uma confissão e a coragem da crítica social. Fala suavemente, mas deixa uma marca e acredito que os participantes do Tribeca Festival Lisboa vão adorar esta história de reconciliação com o passado”, insiste Martins.

Noutro lugar, o festival de Lisboa exibirá o filme de Fernando Vendrell Alem do Horizonte – A Travessia (Além do Horizonte – A Travessia), que relembra os aeronautas portugueses do início do século XX, Sacadura Cabral e Gago Coutinho, como os primeiros aviadores a cruzar o Oceano Atlântico numa só perna.

Martins conta THR O drama de Vendrell “revisita um momento lendário da história portuguesa, a primeira travessia aérea do Atlântico Sul como uma metáfora de coragem e imaginação, sobre o que significa ir além do que parece possível”.

A programação de filmes locais no Tribeca Festival Lisboa também reflecte uma mistura de realizadores portugueses emergentes e consagrados que combinam experiência com experimentação.

“Duarte Neves traz a energia de uma geração criada em formas híbridas: narrativa cinematográfica, digital e social. Não tem medo de ser cru e instintivo”, afirma Martins. Ferreira, por outro lado, hasteia a bandeira dos cineastas independentes em Portugal: “Ele é alguém que sabe como sustentar uma visão e trazê-la à vida contra todas as probabilidades”.

E Vendrell, o veterano realizador da matilha, representa uma ponte crucial entre o cinema e a televisão portugueses. “Seu trabalho mostra como a narrativa em série, tão dominante na era do streaming, pode aprofundar mundos emocionais em vez de diluí-los”, insiste Martins.

Martins acrescenta que os jovens realizadores portugueses, ao mesmo tempo que homenageiam mestres anteriores como Manoel de Oliveira, Pedro Costa e Miguel Gomes, estão a diversificar-se e a deixar as suas próprias marcas no cinema global. “Os cineastas de hoje estão menos preocupados com escolas estéticas e mais com a verdade emocional. Eles estão explorando identidade, pertencimento, gênero e solidão digital através de lentes profundamente pessoais, mas com uma sofisticação visual herdada dessa linhagem”, argumenta. “Nesse sentido, a nova vaga de realizadores portugueses não procura imitar, mas sim ampliar a conversa.”

Ao mesmo tempo, enquanto procuram dentro de si a verdade emocional e a inspiração, os cineastas portugueses emergentes seguem uma longa tradição de serem políticos ao reagirem a um mundo em crise.

“Portugal tem uma longa tradição de utilização do cinema para processar a instabilidade, desde a ditadura de Salazar até aos anos de transição e mais além”, argumenta. “Mas o que é fascinante hoje é como os cineastas voltaram esse olhar para dentro. Em vez de encenar narrativas abertamente políticas, muitos estão se concentrando nas formas mais sutis como o poder, a desigualdade e a desconexão atuam na vida cotidiana.”

Adiciona Martins: Estes são filmes políticos, mas a sua política emerge da empatia e não da ideologia. Refletem uma sociedade que está a aprender a enfrentar a complexidade, onde a esperança e a dúvida coexistem. Essa, para mim, é a nova linguagem do cinema político: uma que sussurra, observa e ainda comove profundamente.”

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